Desde a Grécia antiga, na Era Clássica, onde Sócrates combatia o ensino calunioso dos Sofistas, a retórica dava ao homem o poder da farsa e do convencimento. Por conseguinte, a contemporaneidade traz consigo o hábito da mentira, sendo confortável ou impactante, mesuras que auxiliam sua perpetuação, como por exemplo, os inúmeros sites americanos recentemente acusados de serem criadores de Fake News, afetando grandes redes de notícias que usavam suas matérias.

Muito mais fácil do que na Grécia antiga, hoje é comum fazer uma montagem com uma foto de alguém, ou escrever uma mentira sobre um conhecido e postar na web. Tudo isto tem consequências morais, jurídicas e pessoais. Passar adiante, também pode colocar em perigo a vida de alguém e se tornar um problema para quem compartilha. No tempo contemporâneo, podemos chamar a internet de Acrópole digital, onde a velocidade e a capacidade de engajamento, dariam inveja aos Sofistas da época de Sócrates.

A expressão “Fake News”, ou notícia falsa, é tão onipresente hoje, que fica até difícil de acreditar que exista, pois há menos de dois anos quase nunca ouvíamos falar dela. De acordo com o Google Trends, a expressão se generalizou em novembro de 2016, na época da eleição presidencial norte-americana. Inicialmente, era empregada para descrever artigos falsificados divulgados por “fábricas” de conteúdos de valor questionável.

No Brasil, espalhada na forma de boato, a notícia de uma receita natural, que poderia garantir proteção contra a febre amarela, pode ter interferido nas metas de vacinação no país. Assim como a notícia de que o inverno de 2018 seria o mais frio dos últimos cem anos. Está sendo frio, mas nem tanto.

Com o acesso à informação e de maneira muito rápida, o índice medíocre de leitura de grande parte dos usuários da rede faz com que o compartilhamento das Fake News se popularize nas redes sociais, principalmente no Facebook, onde o público é mais propenso em apertar o botão e propagar uma informação.

Dada a quantidade de informações que circulam na internet, hoje em dia, checar uma notícia tornou-se quase como um trabalho hercúleo, já que começamos este texto com os pés na mitologia grega. Muitas das Fake News podem ser desmascaradas com o uso do bom senso, mas esperar isso, o tempo todo, e de todo mundo é querer demais.

A dica é simples. Quase como diziam os sábios: não dê ouvido aos estranhos. Isto se alcança por meio da confirmação das informações e de uma boa leitura do texto – ponto para quem curte a literatura grega, por exemplo. Procure por frases fora de contexto, datas das informações, endereço das notícias. Isto tudo lhe ajudará a saber sobre a procedência da informação. Confirmar quem é o autor daquela matéria ou artigo, também é importante. Tudo isso vai ajudar muito a descobrir se o que você está lendo é algo sério ou apenas inventado. Na duvida não compartilhe, mesmo que ela esteja indo direto a suas opiniões, não gere mais desinformação.

Até o Conselho Nacional de Justiça publicou em sua página, no Facebook, uma série de dicas para evitar que boatos se espalhem. Ler a notícia inteira, conferir data, local e desconfiar de textos com muitos adjetivos fazem parte destas dicas.

O fantasma das Fake News assusta, mas há saídas para, ao menos, amenizar seus efeitos. Tudo começa pelos próprios usuários das redes sociais, que são peças-chave na tarefa de reduzir o alcance das notícias falsas. Quem usa redes sociais como Facebook ou Twitter ou se comunica com aplicativos como WhatsApp, precisa compreender que é necessário buscar notícias de fontes conhecidas, que tenham o compromisso com a verdade.

Aumentar a privacidade dos perfis, não postar fotos pessoais, evitar encaminhar mensagens com assinaturas no final são algumas das soluções encontradas pelos usuários para não virarem alvo das Fake News. Mas será que é possível evitar ser vítima de um boato? Todos os especialistas concordam que é muito difícil conseguir se proteger, e por um motivo simples: a internet é feita de compartilhamento de informações. Precisamos qualificar a nossa experiência no mundo digital, para melhorar também a quantidade de informações que circulam neste território chamado internet. Ler sobre a mitologia grega, também ajuda.

Manual contra notícias falsas

Embora muita gente não saiba, o próprio Facebook estabeleceu regras para evitar as Fake News. A gente compartilha, abaixo, a orientação desta rede social.

1. Seja cético com as manchetes. Notícias falsas frequentemente trazem manchetes apelativas em letras maiúsculas e com pontos de exclamação. Se alegações chocantes na manchete parecerem inacreditáveis, desconfie.

2. Olhe atentamente para a URL. Uma URL semelhante à de outro site pode ser um sinal de alerta para notícias falsas. Muitos sites de notícias falsas imitam veículos de imprensa autênticos fazendo pequenas mudanças na URL. Você pode ir até o site para verificar e comparar a URL de veículos de imprensa estabelecidos.

3. Investigue a fonte. Certifique-se de que a reportagem tenha sido escrita por uma fonte confiável e de boa reputação. Se a história for contada por uma organização não conhecida, verifique a seção “Sobre” do site para saber mais sobre ela.

4. Fique atento com formatações incomuns. Muitos sites de notícias falsas contêm erros ortográficos ou layouts estranhos. Tenha cuidado se perceber esses sinais.

5. Considere as fotos. Notícias falsas frequentemente contêm imagens ou vídeos manipulados. Algumas vezes, a foto pode ser autêntica, mas foi retirada do contexto. Você pode pesquisar pela foto ou imagem para verificar de onde ela veio.

6. Confira as datas. Notícias falsas podem conter datas que não fazem sentido ou até mesmo datas que tenham sido alteradas.

7. Verifique as evidências. Verifique as fontes do autor da reportagem para confirmar que são confiáveis. Falta de evidências sobre os fatos ou menção a especialistas desconhecidos pode ser uma indicação de notícias falsas.

8. Busque outras reportagens. Se nenhum outro veículo na imprensa tiver publicado uma reportagem sobre o mesmo assunto, isso pode ser um indicativo de que a história é falsa. Se a história for publicada por vários veículos confiáveis na imprensa, é mais provável que seja verdadeira.

9. A história é uma farsa ou uma brincadeira? Algumas vezes, as notícias falsas podem ser difíceis de distinguir de um conteúdo de humor ou sátira. Verifique se a fonte é conhecida por paródias e se os detalhes da história e o tom sugerem que pode ser apenas uma brincadeira.

10. Algumas histórias são intencionalmente falsas. Pense de forma crítica sobre as histórias lidas e compartilhe apenas as notícias que você sabe que são verossímeis.

Verificando autenticidade da fotografia

Fotos também podem ser manipuladas e transformadas. Não é de hoje que a regra deveria para fotografia deveria ser investigar toda imagem que aparece nas redes sociais antes de sair compartilhando ou, o que é pior, publicando notícia a respeito. Uma busca no Google Imagens já serviria para tirar qualquer dúvida. Ela é simples de fazer:

1 – Clique o mouse direito sobre a imagem;

2 – Copie o endereço da imagem;

3 – Depois, acesse o Google Imagens;

4 – Clique no ícone “câmera”;

5 – Cole o link do endereço de imagem no campo e clique em Pesquisar Imagem;

6 – Será aberta a página com os resultados, mostrando onde a imagem foi publicada.

Até a próxima coluna

Marcos Aurélio Delavald
Especialista na comunicação mediada pela plataforma digital

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